sábado, 21 de novembro de 2009

Fogo no Cerrado 2009 incendeia o rock em Campo Grande



incêndio

s. m.

1. Fogo que lavra e devora.

- Fogo, em terra de boi, é cultuado. Dançante, ardente, perigoso. Quanto mais fomentado, maior. Quanto maior, tanto mais incontrolável. E em terra em que BOI é rei, guerreiro vira aquele que não aceita ser peão em jogo ganho. Se em 2008, na primeira edição do próprio incêndio, a Bigorna dissimulou seu peso, que não se espera a mesma modéstia desta vez.

Quase um ano fica para trás, e na bagagem carregamos um imenso rol de Bigornadas inesquecíveis, com bandas de tantas diferentes regiões do País, que o Cerrado até se confundiu e derrubou a temperatura mais que o costume,trazendo a Campo Grande um inverno rigoroso. Radical que só o Mato Grosso do Sul, calor é que o exala do solo. Em maio, a Bigorna deu seu maior passo em direção ao fortalecimento de suas atividades, com a integração do Circuito Fora do Eixo, e o reconhecimento da importância da batalha épica de produzir shows, mostras culturais e difundir a produção autoral realizada – veja só – fora do eixão.

Agora, em sua segunda edição, o Fogo no Cerrado absorve uma perigosa e secular ação que a sabedoria popular indígena registra: o melhor modo de se restabelecer o solo e torná-lo fértil para as novas lavouras vindouras é atear fogo ao solo gasto e desnutrido, resultado de um ano todo de colheitas. Esse é o Fogo no Cerrado 2009. O incêndio pronto a restabelecer o solo da sonoridade do rock de Campo Grande.

Épico é o Fogo, Épica é a sua história. Hefesto na Grécia, Vulcano em Roma. Dono do fogo, artista do metal, criador do escudo de Zeus. Feio e coxo. Dono do palácio de bronze, criador de Pandora. Thor das terras nórdicas, Deus Viking beberrão de canecas de cerveja, imponente, com seu martelo Mjolnir em punhos e sua biga conduzida por cabras pretas. Homenageado pelo povo com um dia da semana (Thor day, insistente quinta-feira). Brighid da mitologia celta, Deusa irlandesa que se manifesta de três formas: poetisa, médica e ferreira. Padroeira de três classes minimamente vitais: alma, corpo e vida. Ogum de Aruanda, orixá africano da guerra e do metal. Protetor das almas, senhor das armas, zelador dos campos santos idolatrado como São Jorge no catolicismo.

Senhores das armas agora somos nós. De São Paulo, recebemos a igualmente épica banda punk paulistana Inocentes, nunca antes mostrando sua força em terras sul-mato-grossenses. Também de São Paulo, Capim Maluco, Ecos Falsos e Hierofante Púrpura. Exatamente do eixo, trazemos para perto de nós, do barulho ao indie anos 90. Já acostumados com o Cerrado, Snorks e Inimitáveis, de Cuiabá, Brown Há, de Brasília, e aquela que é quase um festival em si própria: Móveis Coloniais de Acaju, também da terra em que se decide pra que lado o Brasil vai, se para cima ou para baixo. E para terminar a exploração territorial, o Paraná ainda nos envia o Wolf Attack.

De Campo Grande, a seleção de bandas passa desde a revelação do ano pelo prêmio Rock do Mato MTV, Facas Voadoras, aos veteranos do Bando do Velho Jack, , Bêbados Habilidosos e Olho de Gato. Com menos tempo de estrada, mas muito tempo de história, o Midnight Purple, formado por egressos do Vaticano 69, faz sua estréia nos palcos. Reforçando ainda seu perfil democrático e plural, o Fogo no Cerrado recebe ainda Dimitri Pellz, Jennifer Magnética, Parkers, Curimba, Louva Dub, Thrashed, Repúdio CxGx, Gobstopper, Link Off e Santo de Casa.

Com tantos corpos, sotaques, sonoridades, escolhemos o Toca Bar, vizinha à reserva ecológica do Parque dos Poderes, para receber esses e aqueles que fazem tantos quilômetros e tantas noites sem dormir: o público, convidados de honra nesse fogo metafórico, que pretende incendiar apenas o conformismo, a apatia e a falta de opção.

Bigorna Produções
Fonte: http://www.fogonocerrado.com/

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